Falar sobre saúde mental ainda é um tabu em muitos ambientes, mas a cada ano cresce a conscientização sobre a importância desse tema. O Setembro Amarelo nasceu em 2014 como uma campanha nacional de prevenção ao suicídio, iniciativa da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) em parceria com o Conselho Federal de Medicina (CFM). Desde então, o mês de setembro passou a ser marcado por ações que reforçam a valorização da vida.
No Brasil, dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) apontam que mais de 14 mil pessoas tiram a própria vida todos os anos, uma média de 38 casos por dia. A maioria desses episódios poderia ser evitada com atenção, informação e acolhimento adequados. Mas o que isso tem a ver com o condomínio? Muito mais do que parece.
O condomínio é, ao mesmo tempo, um espaço de convivência e de solidão. Muitos moradores passam a maior parte do tempo em casa, convivendo diariamente com vizinhos, funcionários e o próprio síndico. Nesse cenário, o condomínio pode se tornar um ponto de apoio e de cuidado coletivo, desde que a gestão esteja preparada para abordar a pauta com responsabilidade. Entenda mais sobre isso neste artigo!
O síndico como agente de cuidado
É importante destacar: o síndico não é psicólogo nem médico, mas tem uma posição estratégica dentro da comunidade condominial. Seu papel não é diagnosticar ou resolver problemas individuais, mas sim criar um ambiente de informação, prevenção e acolhimento.
Isso significa que o síndico pode (e deve):
- Promover ações de conscientização para moradores e funcionários;
- Reforçar os canais de ajuda oficiais, como o CVV (188);
- Treinar a equipe para saber identificar sinais de alerta;
- Estimular a empatia e a convivência saudável dentro do condomínio.
Mais do que uma obrigação moral, essa postura fortalece a confiança dos moradores e mostra que a administração está comprometida não só com as finanças e a manutenção, mas também com o bem-estar coletivo.
O que o síndico deve observar: sinais de alerta
Segundo o CVV e entidades de saúde mental, alguns comportamentos merecem atenção especial, como:
- Isolamento social repentino;
- Mudanças bruscas de humor ou comportamento;
- Comentários de desesperança ou autodepreciação;
- Abuso de álcool ou drogas como forma de fuga;
- Falas sobre “desaparecer” ou “não aguentar mais”.
É claro que esses sinais não significam necessariamente risco de suicídio, mas demonstram sofrimento. E, nesse momento, o papel do síndico é acolher, orientar e indicar ajuda especializada, sem julgamentos ou exposição.
Ações práticas no condomínio durante o Setembro Amarelo
Para trazer a pauta ao dia a dia do condomínio, o síndico pode adotar iniciativas simples e eficazes:
1. Comunicação visual
- Colar cartazes ou colocar mensagens nos murais e elevadores;
- Divulgar os canais de ajuda, como o CVV (188) e serviços de saúde locais;
- Usar laços amarelos como símbolo da campanha.
2. Envolvimento da equipe
- Treinar porteiros, zeladores e funcionários para reconhecer sinais e agir com empatia;
- Orientar que não façam julgamentos ou comentários inadequados.
3. Atividades coletivas
- Promover palestras ou rodas de conversa com profissionais de saúde mental;
- Organizar atividades de bem-estar, como yoga, meditação ou caminhada em grupo;
- Criar espaços de convivência que aproximem os moradores e reduzam o isolamento.
4. Comunicação digital
- Enviar mensagens nos grupos de WhatsApp do condomínio com lembretes e informações da campanha;
- Compartilhar dicas de autocuidado e incentivo à escuta ativa.
O que o síndico não deve fazer
Em nome da boa convivência, muitos síndicos acabam tentando “resolver entre vizinhos” situações delicadas. Mas quando o assunto é saúde mental, essa não é uma boa prática, então evite:
- Expor moradores em situação de vulnerabilidade;
- Tratar o tema com descaso ou piadas;
- Silenciar diante de situações de risco;
- Prometer ajuda que vai além do seu papel.
O síndico deve ser um elo de cuidado e não de julgamento. Sua missão é abrir portas para que quem sofre encontre apoio adequado.
Valorização da vida como compromisso coletivo
O Setembro Amarelo é mais do que uma campanha de conscientização: é um convite para transformar a forma como olhamos uns para os outros.
No condomínio, o síndico tem a oportunidade de liderar esse movimento, criando uma cultura de acolhimento, prevenção e valorização da vida. Pequenas ações, quando feitas com sensibilidade, podem salvar grandes histórias, você pode:
- Divulgar o número do CVV (188).
- Incentivar conversas e quebras de tabus.
- Mostrar que viver em comunidade também significa cuidar uns dos outros.
Porque uma gestão condominial de verdade não cuida apenas de prédios, mas também de pessoas.
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